Partire è un pó morire, dice l’adagio, ma è meglio partire che morire.”

(Carrara, na peça teatral Merica, Merica)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Italianos integram-se à vida da Cidade


As matérias publicadas no jornal O Sãoroquense, no ínício do século 20, mostram aspectos da integração do italiano na cidade. 

A história mostra que os primeiros italianos chegaram em São Roque antes mesmo de 1875, quando se inicia oficialmente a imigração italiana no Brasil. É verdade que nessa época aqueles que chegavam ao Brasil para trabalhar na lavoura de café e não se adaptavam à vida agrícola, por desempenharem na Itália outras profissões, acabavam radicando-se em cidades do interior de São Paulo, cuja economia não se baseava na produção cafeeira.

A São Roque do início do século 20 recebia os italianos
Imagem: Enio di Luigi, bico de pena, 1987


DO VINHO À POLÍTICA

São Roque era uma dessas cidades, onde a colônia italiana diversificou sua atuação, da produção do vinho à participação na política, passando pela vida operária nos teares da Sociedade Enrico Dell’Acqua e estabelecendo-se como comerciantes e profissionais liberais nesse momento de crescimento econômico da cidade.

Em 1904, com o efeito do decreto Prinetti (1902), que proibia, na Itália, a emigração para o Brasil com passagens subsidiadas, alguns italianos que não se adaptavam à vida no país, começaram a voltar para a terra natal, incentivados pelo governo italiano. 

Nesse mesmo ano, com a greve na fábrica de tecidos e os problemas econômicos, a vida dos imigrantes italianos se tornava difícil em São Roque, principalmente para os operários. Mas, apesar da crise, muitos já haviam adquirido uma estrutura financeira e prosperavam em seus negócios como mostram os anúncios publicados no jornal local, que dão conta da integração de muitos imigrantes a sua nova realidade.

Anúncio do armazém de Francisco Tagliassachi (O Sãoroquense- 1904)

COMÉRCIO

“ALARMA! Ninguém deixará de comprar uma boa Machina de costura. Espantoso successo!!! No armazém do Sr. Francisco Tagliassachi. Vende-se máquinas de costura de diversas marcas. Desde 40$000 até 80$000 cada mediante 4 a 8 prestações mensaes de 10$000. Não vão errar de casa! Rua 13 de maio n. 62 São Roque

Esses eram os dizeres de uma propaganda de um quarto de página publicada no semanário O Sãoroquense de 14 de fevereiro de 1904. A rua 13 de maio depois passou a se chamar 15 de novembro.

SALÃO PROGRESSO
                
“Este bem montado salão situado à rua Coronel Moreira César n. 57, em frente ao Theatro, nesta cidade, acceita todo e qualquer serviço referente ao seu officio tanto de barbeiro como de alfaiate.

Dispondo de hábeis officiaes de um e outro officio, poderá servir o público a contento. Corta sob-medida e aprompta custume na ultima moda.
O proprietário NICOLINI GIOVANNI. (O Sãoroquense 21/02/1904)

Prédio do Hotel Garibaldi (depois Bonini) na atual rua 15 de Novembro

HOTEL GARIBALDI

“Rua 13 de Maio n. 12

Neste bem montado estabelecimento as Exmas. Famílias encontram bons commodos, aceio, promptidão e preços módicos.
O vinho de mesa e mais extraordinários são pagos em separado da diária.
(O Sãoroquense 13/03/1904)

O hotel era de propriedade de Agostinho Pesci e depois foi adquirido pelos fratelli Bonini,

VEREADOR VITTORIO DELLA TORRE

Outro fator de adaptação do italiano a valorização do imigrante perante as instituições brasileiras e os poderes constituídos, o que não ocorria no início do século 20 nos Estados Unidos, por exemplo. Mas, no Brasil, esse prestígio era dado principalmente aos imigrantes com poder aquisitivo elevado. 

Em São Roque, além do clima, da topografia da cidade, da possibilidade de plantio da uva e produção do vinho, e da religião como fatores de identificação do estrangeiro na nova terra, essa aceitação do imigrante por parte das instituições e, consequentemente, da própria sociedade, também foi determinante para sua integração na cidade.

Os italianos integraram-se perfeitamente à vida do são-roquense, podendo ser jurados em sessões de júri popular e até eleitos para cargos políticos como o vereador italiano Vittorio Della Torre (atuou como suplente em exercício, na Câmara Municipal de São Roque, entre 1902 e 1904), que era também procurador geral dos negócios do engenheiro francês Eusébio Stevaux, empresário da produção de cal e proprietário de uma marmoraria, estabelecido em Pantojo,  e falecido em 1904.


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