Partire è un pó morire, dice l’adagio, ma è meglio partire che morire.”

(Carrara, na peça teatral Merica, Merica)

terça-feira, 5 de julho de 2011

O destino na cidade do Carambeí


Família Pocciotti
 Era 1892.
Uma fina esperança permeava o ar respirado por italianos no Piemonte, ao norte da Itália, onde a pobreza grassava. Essa brisa de nova vida se chamava Brasil. Numa pequena cidade no estado de São Paulo, esculpida num vale originalmente chamado Carambeí, o porvir se materializava em forma de trabalho e progresso, com a instalação da tecelagem  Enrico Dell’Acqua e Cia.

No trilhar dessa esperança, dias antes que a primavera se anunciasse, desembarca no Porto de Santos, a família Pocciotti, após intensas semanas cruzando oceano, em viagem no vapor Rosário.

Era excitante e assustador singrar águas a bordo do Rosario, que pesava 1.957 toneladas e media 85,95 m por 10,73 m. Construído por Wigham Richardson & Co em Walker-on -Tyne, em 1887 foi lançado ao mar por Fratelli Lavarello, na rota Gênova-América do Sul. Em 1891, passou a pertencer à empresa La Veloce e continuou na mesma rota. Em 1898 foi vendido à empresa francesa Cie Mixte e teve seu nome trocado para Djurjura. Em 1915 afundou após uma colisão com o navio Empress of Britain, levando ao fundo do mar a energia dos sonhos que moviam os viajantes de cais em cais.

Giuseppe di Carlo Pocciotti chegou ao Brasil trazendo consigo a mulher Giovanna Andreo e os filhos Margherita, Lorenzo, Carolina e Biagio, com idades entre nove anos e seis meses.

A família permanece no Brasil por breve período. Com dificuldades de adaptação ao clima e às condições de vida na nova terra, os Pocciotti retornam à sua pequena cidade italiana, a comuna San Germano Vercellese, na província de Vercelli, região do Piemonte, que hoje tem menos de dois mil habitantes e seus limites não ultrapassam os 30 km quadrados.

Em busca de maiores oportunidades de trabalho, a família muda-se para Asti, comuna hoje com setenta mil habitantes, na região do Piemonte, de onde partem definitivamente para o Brasil, em agosto de 1908. No Brasil, nasceram outros dois filhos do casal Giovanna e Giuseppe Pocciotti, os meninos Francesco e Carlo.

BRAZ POCCIOTTI

Biagio veio ao mundo no dia de São Brás, daí seu nome, que passaria a ser Braz no Brasil. Casou-se com Carolina Zavarise, moça de família italiana proveniente da romântica Verona. O casal teve três filhos: João, Sarah e Maria Joanna.

Desde adolescente, Biagio trabalhou na tecelagem que depois passou a chamar-se Brasital, até o dia de se aposentar. Entre as paredes da fábrica de tecidos viveu a maioria de seus momentos e encontrou amigos. Sem ser técnico, exerceu a função de desenhista chefe, devido aos seus dons na arte de desenhar.

As famílias Pocciotti e Zavarise construíram sua moradia, uma grande casa, na rua São Paulo, entrada do Engenho, onde plantavam uva e culturas de época, além de cultivar fruticultura permanente de pêra e uva. Como não poderia deixar de ser, tratando-se de famílias italianas, produziam vinho para consumo próprio e o ofereciam aos amigos, em encontros de confraternização e música da terra natal.

Eram freqüentes, alegres e regadas a vinho, as reuniões de família na “chácara do nonno”, com mais ênfase e animação nos períodos de colheita da uva e produção caseira do vinho.

A família Pocciotti praticamente toda fixou residência em São Roque, atraída por esse vale acolhedor e o conforto do contato com outros imigrantes italianos. Carolina, irmã de Braz, foi a única a viver fora de São Roque, mas casou-se com Miguel Zavarise, irmão de sua cunhada Carolina, a esposa de Biagio.


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4 comentários:

  1. Prezada Silvia,

    Posso ajudá-la de modo ao seu texto ficar mais preciso, inclusive sobre a foto da família que bati do quadro original que possuo e coloquei no YahooGroups (de onde voce provavelmente a obteve). Voce não citou a fonte.
    Esclareço que da primeira geração dos Pocciotti's chegou da Itália ao Brasil em 1892. Eram os meus meus avós Giovani Giuseppe e Giovana, minhas tias italianas Marguerita e Carolina, mais os tios italianos Lorenzo e Braz. Completaram esta primeira geração mais os dois (2) filhos nascidos no Brasil, meu tio Francisco (1898) e o meu pai, o caçula da primeira geração.- Carlos Giovani Pocciotti, nascido em 1900, não há mais nenhum vivo. Da segunda geração, somente estamos minha irmã Ana Maria Pocciotti (1944) e eu mesmo - Pedro Carlos Pocciotti (1945). Todos os demais Pocciotti's que vivem atualmente aqui em São Roque, são nossos primos já de segundo ou maior grau (filhos, netos e bisnetos de João Pocciotti - este, um dos filhos de Braz Pocciotti, portanto, nosso primo de primeiro grau, casado com a Sra. Cilda, ambos falecidos).
    Aliás, o nome original de familia não é Pocciotti e sim Pocciotto, com "o" no final, conforme consta da certidão de nascimento do meu avô Giovanni Giuseppe Pocciotto, nascido em San Germano Vercellese em 21/12/1851. Ocorre que, no passaporte familiar, ao sair da Itália, constou o plural, com "i" e assim acabou ficando.
    Cara Silvia, se necessitar de mais informações, estou à disposição, inclusive para relatar um pouco sobre o que efetivamente conheço da trajetória da família ao chegar ao Brasil em 1892 no Vapor Rosario da linha Genova, após breve passagem pela Hospedaria do Imigrante, seguir direto de trem para a localidade de Morro Alto, hoje distrito de Itapetininga, onde foram colonos de café e nasceram o meu tio Francisco e o meu pai Carlos Giovani. A Família somente se mudou para São Roque um pouco mais tarde.

    Abraços,

    Pedro Carlos Pocciotti

    ppocciotti@gmail.com

    PS. Minha tia Carolina foi casada com Zavarezzi, Miguel. Não é Zavarise e sim Zavarezzi, ok ?

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  2. Prezada Silvia,

    Agora que li praticamente todos os seus posts no blog, quero parabenizá-la pelo excelente trabalho que vem realizando. Meus sinceros parabéns e agradecimentos por um trabalho tão nobre e dedicado de resgatar a história dos italianos na região.
    Queria aqui relatar uma curiosidade da Família Pocciotti em sua primeira geração. É que aconteceram 2 casamentos cruzados entre as Famílias Pocciotti e Zavarezzi. Do lado dos Pocciotti, havia os irmãos Carolina e Braz. Do lado dos Zavarezzi, havia os irmãos Miguel e a outra Carolina (a Carolina de Verona que voce citou). Pois bem, formaram-se dois casais: Braz Pocciotti com Carolina Zavarezzi e Miguel Zavarezzi com Carolina Pocciotti. Muito interessante...
    Outra curiosidade das Familias Pocciotti e Zavarezzi era o tratamento pessoal por apelidos diminutivos: Braz-Biaggio-Biazin, meu pai Carlos-Carleto-Carlin e Miguel-Miguelito-Miguelin...entre outros.

    Obrigado,

    Pedro Carlos Pocciotti

    PS.: encontrei aqui nos documentos do meu pai, uma carteirinha do Syndicato dos Operarios em Fiação e Tecelagem "São Roque", Matrícula n. 45, emitida em 21-10-1932, assinada pelo secretário Ricardo Fontana, portanto contava o meu pai com 32 anos. Na foto da carteirinha ele levava na lapela do paletó uma faixa preta (luto pela morte da mãe, minha avó "nona" Giovana).

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  3. Agradeço o contato e o interesse. Meu trabalho tem o propósito de se transformar em livro com patrocínio de empresas de São Roque e o foco é mesmo a imigração italiana em São Roque. Algumas famílias tiveram maior participação nesse processo, vindo diretamente para a cidade. Outras, nem tanto. Algumas têm mais informações e fotos, outras nem tanto. Todas as fotos me foram fornecidas pelas famílias, assim como as informações. Sobre a família Pocciotti, quem me forneceu dados e imagem foi Antonio Santo Pocciotti e tive dificuldade em compor um texto pela escassez de informações. A idéia é contar histórias e quanto mais detalhes houver, melhor. A foto que ele forneceu está em baixa resolução, vê-se pelo tamanho. Para publicar em livro, eu necessito de imagem com maior resolução. Agradeceria se você me fornecesse mais informações e imagens em melhor resolução para publicação. Vou lhe enviar por e-mail o questionário padrão que usei na coleta de dados para o livro por meio de familiares. Se puder me responder, agradeço.
    Ab

    Sílvia Mello

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  4. Sera q sao meus parentes kkkkk
    Pelo menos o sobrenome ja tenho!!
    Sei que meu nasceu no interior de sao paulo mas como eu era pequeno nem perguntava!

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